Como
visto anteriormente, a deficiência na ação de enzimas específicas (galactoquinase, galactose–1–fosfato–uridil transferase
e uridina-difosfato galactose 4-epimerase) na via metabólica da
galactose, favorece o desenvolvimento de uma condição patológica denominada
galactosemia, que sugere uma deficiência no metabolismo deste carboidrato e conseqüentemente
um acúmulo que gera uma reação inadequada do organismo: A conversão de galactose em galactitol, um poliálcool de
toxicidade elevada, ou em galactonato, também um produto tóxico.
Indicadores fisiológicos mensurados a partir de exames clínicos
são os fatores considerados no diagnóstico de galactosemia, no período pré ou neo-natal,
ou ainda durante a infância, por exemplo:
- Amniocentese, exame de coleta e cultura
de fibroblastos derivados do líquido amniótico. Esse exame no período
pré-natal pode detectar e auxiliar o tratamento de patologias congênitas,
genéticas e metabólicas (incluindo a galactosemia).
- Aminoacidúria, exame que detecta a presença de aminoácidos na urina
ou no plasma, esse exame indica possíveis sinais de galactosemia quando um
açúcar redutor que não reage no sistema glicose oxidase é encontrado na urina.
Entretanto, outros tipos de açúcares, além da galactose, podem levar ao
aumento da excreção de aminoácidos na urina ou galactosúria, além disso, o
acúmulo de galactitol nas células hepáticas, levando a um aumento da pressão
osmótica e à entrada de água nessas células, é uma das causas de uma
hipertrofia dos hepatócitos ou hepatomegalia.
- Em diagnósticos pré-natais, a galactosemia clássica é
diagnosticada pela aferição direta da
quantidade da enzima galactose-1-fosfato uridil transferase, estando ela
ausente ou muito baixa nos hepatócitos e eritrócitos.
Se não diagnosticado, o paciente galactosêmico pode
apresentar alguns sintomas, tais como a hepatomegalia, catarata, icterícia,
aminoacidúria, hipoglicemia, letargia e atraso no desenvolvimento mental.
Pacientes diagnosticados precocemente tendem a manter
suas atividades cotidianas e rotina mesmo com a possibilidade do surgimento de
déficits de aprendizagem. O tratamento para a galactosemia clássica incorre na
restrição dietética de galactose e lactose. A não-ingestão atenua os sintomas
da doença, entretanto podem ocorrer disfunções neurológicas tardias na fala e
na aprendizagem, além de disfunções ovarianas em mulheres. Apesar de componente
estrutural de várias estruturas celulares, a sua supressão da alimentação não
causará maiores problemas, pois, existem mecanismos metabólicos para conversão
da glicose em galactose. A supressão da ingestão de galactose
elimina a chamada “síndrome de toxicidade aguda”, entretanto, a dieta livre de
galactose é possível na deficiência de galactoquinase e galactose-1-fosfato
uridil-transferase, mas não na galactosemia por deficiência de
uridina-difosfato galactose 4-epimerase. A ausência de tratamento, usualmente
levará a uma progressiva falência hepática e morte.
O tratamento
da galactosemia por deficiência de uridina-difosfato galactose 4-epimerase
requer uma estratégia diferente daquela usada nas outras formas de galactosemia.
Desde que a epimerase forma UDP-galactose, a partir de UDP-glicose, a ausência
completa de galactose na dieta, e a conseqüente falta da formação de
UDP-galactose, trariam sérias conseqüências. A deficiência de epimerase torna o
indivíduo dependente da galactose exógena, que é um precursor necessário para a
síntese de complexos de glicoproteínas, glicolipídeos, galactoproteínas e
galactolipídeos. Portanto, a terapia se restringe em prover pouca quantidade de
galactose na dieta, que não provoque toxicidade e supra a quantidade de
galactose necessária ao organismo.
Por ser um
erro do metabolismo de caráter autossômico recessivo, a probabilidade de
reincidência da galactosemia é elevada. Gestantes que já possuem filho galactosêmico,
devem manter uma dieta restritiva, para evitar possíveis lesões ao feto em
virtude da quantidade excessiva de galactose, além disso, por ter
características genéticas, históricos patológicos de familiares também devem
ser levados em consideração durante a gestação.
Referências Bibliográficas:
LEHNINGER, A. Princípios de bioquímica. São Paulo: Sarvier, 1990. 725p.
MCARDLE, W.; KATCH, F.; KATCH, V. Fisiologia do exercício. 5. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 1113p
SHILS, et al. Nutrição Moderna: Na saúde a na doença. 10 ed., São Paulo: Manole, 2009. 2256p
Postado por:
Thaís Amaral
Tiago Amaral
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