sexta-feira, 21 de junho de 2013

Galactosemia: dos sintomas ao tratamento...

Como visto anteriormente, a deficiência na ação de enzimas específicas (galactoquinase, galactose–1–fosfato–uridil transferase e uridina-difosfato galactose 4-epimerase) na via metabólica da galactose, favorece o desenvolvimento de uma condição patológica denominada galactosemia, que sugere uma deficiência no metabolismo deste carboidrato e conseqüentemente um acúmulo que gera uma reação inadequada do organismo: A conversão de galactose em galactitol, um poliálcool de toxicidade elevada, ou em galactonato, também um produto tóxico.


Indicadores fisiológicos mensurados a partir de exames clínicos são os fatores considerados no diagnóstico de galactosemia, no período pré ou neo-natal, ou ainda durante a infância, por exemplo:
            - Amniocentese, exame de coleta e cultura de fibroblastos derivados do líquido amniótico. Esse exame no período pré-natal pode detectar e auxiliar o tratamento de patologias congênitas, genéticas e metabólicas (incluindo a galactosemia).
            - Aminoacidúria, exame que detecta a presença de aminoácidos na urina ou no plasma, esse exame indica possíveis sinais de galactosemia quando um açúcar redutor que não reage no sistema glicose oxidase é encontrado na urina. Entretanto, outros tipos de açúcares, além da galactose, podem levar ao aumento da excreção de aminoácidos na urina ou galactosúria, além disso, o acúmulo de galactitol nas células hepáticas, levando a um aumento da pressão osmótica e à entrada de água nessas células, é uma das causas de uma hipertrofia dos hepatócitos ou hepatomegalia.
- Em diagnósticos pré-natais, a galactosemia clássica é diagnosticada pela aferição direta da quantidade da enzima galactose-1-fosfato uridil transferase, estando ela ausente ou muito baixa nos hepatócitos e eritrócitos. 
Se não diagnosticado, o paciente galactosêmico pode apresentar alguns sintomas, tais como a hepatomegalia, catarata, icterícia, aminoacidúria, hipoglicemia, letargia e atraso no desenvolvimento mental.
Pacientes diagnosticados precocemente tendem a manter suas atividades cotidianas e rotina mesmo com a possibilidade do surgimento de déficits de aprendizagem. O tratamento para a galactosemia clássica incorre na restrição dietética de galactose e lactose. A não-ingestão atenua os sintomas da doença, entretanto podem ocorrer disfunções neurológicas tardias na fala e na aprendizagem, além de disfunções ovarianas em mulheres. Apesar de componente estrutural de várias estruturas celulares, a sua supressão da alimentação não causará maiores problemas, pois, existem mecanismos metabólicos para conversão da glicose em galactose. A supressão da ingestão de galactose elimina a chamada “síndrome de toxicidade aguda”, entretanto, a dieta livre de galactose é possível na deficiência de galactoquinase e galactose-1-fosfato uridil-transferase, mas não na galactosemia por deficiência de uridina-difosfato galactose 4-epimerase. A ausência de tratamento, usualmente levará a uma progressiva falência hepática e morte.


O tratamento da galactosemia por deficiência de uridina-difosfato galactose 4-epimerase requer uma estratégia diferente daquela usada nas outras formas de galactosemia. Desde que a epimerase forma UDP-galactose, a partir de UDP-glicose, a ausência completa de galactose na dieta, e a conseqüente falta da formação de UDP-galactose, trariam sérias conseqüências. A deficiência de epimerase torna o indivíduo dependente da galactose exógena, que é um precursor necessário para a síntese de complexos de glicoproteínas, glicolipídeos, galactoproteínas e galactolipídeos. Portanto, a terapia se restringe em prover pouca quantidade de galactose na dieta, que não provoque toxicidade e supra a quantidade de galactose necessária ao organismo.
Por ser um erro do metabolismo de caráter autossômico recessivo, a probabilidade de reincidência da galactosemia é elevada. Gestantes que já possuem filho galactosêmico, devem manter uma dieta restritiva, para evitar possíveis lesões ao feto em virtude da quantidade excessiva de galactose, além disso, por ter características genéticas, históricos patológicos de familiares também devem ser levados em consideração durante a gestação.

Referências Bibliográficas: 
LEHNINGER, A.  Princípios de bioquímica.  São Paulo:  Sarvier,  1990.  725p.
MCARDLE, W.;  KATCH, F.;  KATCH, V.  Fisiologia do exercício.  5. ed.,  Rio de Janeiro:  Guanabara Koogan,  2003.  1113p
SHILS, et al. Nutrição Moderna: Na saúde a na doença. 10 ed., São Paulo: Manole, 2009. 2256p


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                                                                                                                           Thaís Amaral
                                                                                                                           Tiago Amaral

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